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Gênero Cultural: "Músicas que falharam com as mulheres"

Por: Karyn Malú


Não é mais novidade que nossa sociedade é extremamente machista. Baseada em princípios que já não fazem mais sentido, preconceitos sem fundamentos e “morais” para lá de obsoletas, não é muito difícil perceber padrões de opressão de gênero no cotidiano. Sendo assim, como a maioria dos espaços são (ainda!) dominados pela voz masculina, esses tem por consequência a expressão dessa maioria.


Dito isso, pergunto: você tem prestado atenção nas músicas que escuta e canta (debaixo do chuveiro ou não)? Se não, se prepare, conteúdo forte a seguir:



Você provavelmente cresceu cantando essa música (até fazendo uma encenaçãozinha com aquelx primx de segundo grau nos domingos de família) mas nunca percebeu como essa música retrata um relacionamento extremamente abusivo e até mesmo faz apologia à violência doméstica. Olha só esse trecho:


"Então eu vou te cortar a cabeça, Maria Chiquinha / Então eu vou te cortar a cabeça / Que cocê vai fazer com o resto, Genaro, meu bem? / Que cocê vai fazer com o resto? / O resto? Pode deixar que eu aproveito”



E o que dizer dessa música da banda Raimundos (sucesso nos anos 90) que objetifica a mulher descrevendo-as como se fossem apenas um brinquedinho sexual:


"Feia de cara, mas é boa de bunda / Olhe só é a pequena Raimunda / Se ela tá indo até que dá pra enganar / Se ela tá vindo não é bom nem olhar / Ela de 4 fica maravilhosa / Na 3x4 é horrorosa / Shit, shit pequena Raimunda / Bunda de sonho a cara é um pesadelo"



Mais uma da década de 90, em que o cantor fala da “mulher objeto”. Gabriel O Pensador, me parece que seu nome não faz jus, se me permite dizer.


"À procura de carro, a procura de dinheiro / O lugar dessas cadelas era mesmo num puteiro (…) Não eu não sou machista, exigente talvez / Mas eu quero mulheres inteligentes, não vocês (…) E pra você me entender, vou ser até mais direto/ Loira burra, você não passa de mulher objeto"



Apesar do nome bem sugestivo, muitos deixam passar o real significado por trás das palavras do cantor de “quero vê-la sorrir, quero vê-la cantar”. Et tu, Sidney?


“Se te agarro com outro / Te mato! / Te mando algumas flores/ E depois escapo / Fico até aborrecido / Quando telefonas / Para os teus amigos”



E se a gente pensa que esse machismo todo ficou no século XX (ou até mesmo na década passada), estamos nos iludindo feio, como nos mostra a dupla sertaneja Henrique e Diego (e Matheus e Kauan por associação) nessa maravilhosa demonstração de abuso lançada em pleno 2017.


“Ciúme não / Excesso de cuidado / Repara não / Se eu não sair do seu lado / Tem uma câmera no canto do seu quarto / Um gravador de som dentro do carro / E não me leve a mal / Se eu destravar seu celular com sua digital”


O mais desesperador é saber que isso nada mais é que o reflexo de uma sociedade com valores distorcidos. E aqui não falo somente do Brasil, já que até The Beatles escorregou um monte na música “Run For Your Life”.


Porém, mesmo nesse cenário desmotivador, temos luz(es) no fim do túnel que nos mostram um futuro promissor na arte (e na vida). Cantoras como Elis Regina, Karol Conka, Pitty e outras mais, trazem cada vez mais suas dores e seus amores para o quadro artístico nacional, dando voz àquelas que estiveram caladas por tanto tempo. Quem sabe não chega o dia que poderemos cantar sem pudores?


 

Referências:

- Huffpost Brasil. Disponível em:http://www.huffpostbrasil.com/2014/11/01/12-musicas-que-sao-extremamente-machistas-e-que-voce-canta-sem-p_a_21672156/

- Notícias UOL. Disponível em: https://noticias.bol.uol.com.br/unibol/espm/9-musicas-machistas-que-todo-mundo-canta-sem-perceber.html

 

 


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