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Gênero Cultural: "Fleabag"

Por: Paola Nicolau


I am failing as a woman.

I am failing as a feminist.

To freely accept the feminist label would not be fair to good feminists.

If I am, indeed, a feminist, I am a rather bad one. I am a mess of contradictions.

- Roxane Gay

Descobri Fleabag por acaso. Navegando pelos novos lançamentos de 2017, ansiosa para encontrar algo novo para binge watch.


Mesmo sendo uma fã assídua de séries britânicas, sentia falta de alguma que demonstrasse o protagonismo da mulher na sociedade e que, paralelo a esse papel, expusesse as dificuldades que passamos todos os dias para lidar com questões de trabalho, relacionamentos e família.


Fleabag, como também é denominada a protagonista, interpretada pela dramaturga e atriz Phoebe Waller-Bridge, conta a história de uma anti-heroína feminista. O conceito de anti-heroína gira em torno de uma personagem que possui características físicas e valores morais que diferem do arquétipo de heroína – imposto constantemente a todas nós.


Anti-heróis são comumente percebidos na literatura, em séries de televisão e em filmes, podemos citar, respectivamente, Macbeth, Walter White (quem não ama?) e Deadpool. Em segundo plano, o papel de anti-heroína ainda é pouco embevecido e recompensado. Podemos observar essas características nas histórias de Jane Austen, nos filmes de Bridget Jones, em na personagem de Hannah, da série Girls.


Há, então, uma singularidade nessa autodenominação de feminista pela personagem. Durante toda primeira temporada são percebidos recorrentes questionamentos se ela está sendo uma “boa feminista”; indagação que nos leva a questionar o que nos torna boas ou más feministas.


O texto de Roxane Gay, “The bad feminist manifesto”, resume os sentimentos e sensações manifestados por Fleabag ao falar diretamente com o telespectador durante várias cenas. Nossa anti-heroína compartilha o que passa pela sua mente sobre relacionamentos e temas tabus, como sexo anal (e o tamanho de seu buraco lá atrás), a vida de sua irmã (que segue os “padrões” da sociedade atual) e sua madrasta (chamada de vários nomes ofensivos).


A partir de suas reflexões pessoais, percebemos a batalha interna em ser uma “boa feminista”. Ao mesmo tempo que Fleabag se vangloria por sua liberdade sexual, ela reflete sobre as experiências que ela efetivamente tem interesse em explorar. Quando ela critica a irmã pela vida que leva, está em busca da mesma estabilidade. E, enfim, mesmo insultando sua madrasta, reconhece seus princípios feministas e seu talento.


Em síntese, a primeira temporada de Fleabag consegue se identificar com a batalha incessante de inúmeras mulheres que se autodenominam feministas, mas ainda encontram dificuldades nas particularidades do dia a dia.


Eu sou uma delas. E, assim como muitas outras, sigo aprendendo junto com o movimento.


Espero que Fleabag ajude a esclarecer algumas dessas contradições para muitas de nós.

 

Para compreender mais o tema, seguem os artigos utilizados de inspiração:

https://www.theguardian.com/world/2014/aug/02/bad-feminist-roxane-gay-extract

https://www.theguardian.com/tv-and-radio/2016/jul/08/phoebe-waller-bridge-fleabag-britains-lena-dunham

https://www.theguardian.com/books/booksblog/2014/nov/17/readers-anti-hero-anti-heroines-fiction

 

Trailer da série: https://www.youtube.com/watch?v=hYmENGPlNMk

 

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